O que aprendi a respeito da missão. Experiência minha. Somos chamados (vocação) à missão por um emaranhamento sistêmico. Queremos salvar ou curar alguém (a mãe, o pai ou outro antepassado), ou ainda ajudar a colocar em ordem algo que não foi respeitado no passado familiar. Daí nos tornamos médicos, terapeutas, professores, advogados, juízes. Mas, enquanto estivermos emaranhados, estamos limitados no potencial de ajudar, pois só enxergamos do lugar do emaranhamento, onde estamos – a identificação com o antepassado com o qual estamos conectados. Adquirimos muito conhecimento, estudamos, treinamos, mas quem está emaranhado no passado de seu próprio sistema não consegue ajudar além do limite que encontra em seu emaranhamento.

Só quando nos libertamos do emaranhamento e podemos nos colocar no nosso próprio lugar, enxergando todo o sistema, reconhecendo o lugar de cada um, podemos também reconhecer o quanto aprendemos com aquilo tudo (e a força que desenvolvemos graças, justamente, às dificuldades). E então podemos ajudar os outros, olhando também pra todo o seu sistema, sem julgamentos ou identificações – temos então uma empatia sistêmica.
Assim, cumprimos nossa missão.
Quem está emaranhado pode ser um terapeuta dedicado, um advogado combativo, pode ganhar causas… por ter vocação. Mas, sem perceber, ele reforça o padrão do cliente – de vítima, de revolta, de dependência. O cliente ganha a indenização, porém se torna ainda mais infeliz e insatisfeito. O advogado emaranhado sistemicamente pode ganhar a causa e assim ajudar seu cliente no nível daquilo para o qual foi contratado – livrá-lo da prisão ou colocar alguém nela, ganhar a guarda do filho, obter a indenização por uma injustiça sofrida ou se livrar de um pagamento, etc. Mas não é uma ajuda real, pois é limitada e deturpada pelo emaranhamento do cliente e do próprio advogado que com ele se identifica. Na verdade, ajuda o cliente a se tornar mais vítima, mais insatisfeito, mais reclamão, mais acusador.
A ajuda real só vem de alguém que não esteja envolvido no mesmo padrão do cliente.
Concordo! Em gênero, número e grau! Grata pelo texto.
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É exatamente isso. Parabéns pelo seu maravilhoso trabalho.
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Obrigada pelo texto, Sami!
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Profundo e verdadeiro!
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Prezado colega,
Achei muito interessante a ideia de Direito Sistêmico, ainda que eu pense haver redundância na expressão, porque vejo o Direito como naturalmente sistêmico. De todo modo, como essa qualidade do Direito foi esquecida há tempos, vale o reforço da ideia.
Não tenho como não remeter o Direito Sistêmico, pela noção de ordens superiores, ao Cristianismo, como o leio e como venho desenvolvendo em meus artigos (www.holonomia.com).
Talvez possamos desenvolver um trabalho comum, depois que aprofundarmos o conhecimento do pensamento do outro.
A Graça e a Paz do Senhor!
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Caro Thiago,
Grato pelo contato e por me apresentar teu blog. Você tem razão, o Direito (com letra maiúscula) é naturalmente sistêmico, e o desafio de quem quiser compreendê-lo em sua inteireza é justamente entender como isso funciona. A natureza é uma só, assim como a verdadeira ciência, e nisso a noção de “holonomia” (termo que eu desconhecia) é comum à nossa visão e à nossa busca.
O conceito de Direito Sistêmico, como o utilizo e vem sendo replicado pelo Brasil afora, distingue-se por ter como base a filosofia de Bert Hellinger, descobridor das leis sistêmicas que regem os relacionamentos (que chamou de “ordens do amor”), e como meio a constelação familiar por ele desenvolvida. Naturalmente, identifica-se em diversos pontos com a doutrina cristã original e seus princípios. Hellinger, apesar de mostrar como as instituições religiosas podem limitar o verdadeiro desenvolvimento espiritual e como “crucificam” seus membros e sacerdotes, foi padre durante muitos anos e faz belas referências à bíblia e a Jesus para demonstrar as ordens sistêmicas, ou ordens da vida.
Parabéns pelos artigos, que me servirão também de referência.
Sigamos em contato. Um forte abraço!
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Genial!
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Bom dia Dr. Samir,
Inicialmente, quero registrar minha profunda gratidão a você por ser o precursor do Direito Sistêmico no Brasil! Sou estudante do 8 período de Direito na PUC-GO, e totalmente adepta aos meios de solução pacíficas no judiciário, sou conciliadora e mediadora e, em março deste ano, tive meu primeiro contato com a Constelação a qual fiz um curso de PNL & Constelação em SP do Instituto VOCÊ. Fiquei extremante apaixonada pela técnica! Arrebatou meu coração de tal maneira que resolvi fazer meu TCC sobre Direito Sistêmico pois, acredito que este é o futuro do nosso judiciário! Julgar além das demandas judiciais e, cada vez mais dar sentenças pacificadoras, buscando o equilíbrio no sistema! Entretanto, tenho tido dificuldades de achar o material específico de Direito Sistêmico, eu tenho lido os livros de Bert Hellinger mas sabemos que eles tem uma visão mais psicológica da Constelação, e o que eu busco é especificamente sobre o Direito Sistêmico, ou seja, a aplicação da Constelação no Direito.
Você pode me ajudar, compartilhando algum material ou indicando onde posso encontrá-los?
Desde já muito obrigada pela atenção.!
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Doutor, preciso mandar um contato para o senhor. Estamos querendo implantar direito sistêmico aqui na Vara da Familia, no Tocantins
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Olá Samantha, pode escrever para o direitosistemico@gmail.com.
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